Hiperplasia Benigna da Próstata

24-01-2020 21:03

A próstata é uma glândula que produz parte do líquido seminal que está localizada abaixo da bexiga e envolve a uretra proximal. Anatomicamente é constituída por uma zona de transição que envolve a uretra e é onde ocorre a hiperplasia benigna da próstata, e por uma porção periférica que é onde ocorre a maioria dos cancros da próstata. O seu volume, em idades mais jovens, é de aproximadamente 20 gramas e a partir dos 50 anos há um crescimento hiperplásico progressivo fisiológico da zona de transição, que pode ou não levar à ocorrência de sintomas, se esse aumento condicionar uma obstrução ao fluxo urinário. Por exemplo, aos 80 anos 88 por cento dos homens têm hiperplasia benigna da próstata (HBP), mas apenas 50 por cento apresentam sintomas.

Apresentação Clínica

O aumento hiperplásico da próstata pode condicionar uma obstrução à saída do fluxo urinário, quer pelo próprio aumento da glândula que origina um obstáculo mecânico estático à saída de urina, quer devido a um aumento do tónus do músculo liso, mediado pelos receptores α localizados no colo vesical e estroma próstatico, que dinamicamente não permitem a saída de urina. Essa obstrução, quer pelo componente estático, quer pelo dinâmico, pode originar queixas como sensação de não conseguir urinar logo apesar de ter vontade (hesitação inicial), diminuição da força do jacto urinário, ou sensação de esvaziamento incompleto da bexiga. O músculo vesical vai hipertrofiar de forma compensadora, ao tentar vencer esse obstáculo causado pela próstata, levando também por sua vez a queixas que se traduzem em sensação imperiosa de ir urinar (urgência miccional), aumento do número de vezes que o doente tem de ir urinar (polaquiúria) e necessidade de urinar durante a noite (nictúria). Num estádio mais avançado podem ocorrer complicações, derivadas dessa permanente obstrução à saída de fluxo urinário e que podem ser infecções urinárias recorrentes, litíase vesical, divertículos vesicais, ureterohidronefrose bilateral e insuficiência renal.

Tratamento

O tratamento da HBP pode ser feito através de vigilância nos doentes que tenha sintomas ligeiros. O tratamento médico está indicado para sintomas ligeiros, médios a graves que interfiram na qualidade de vida
do doente e o tratamento cirúrgico preconiza-se quando não há melhoria dos sintomas com a terapêutica médica e quando existem complicações associadas à doença.


Tratamento médico

Fitoterapia - A fitoterapia consiste num tratamento à base de extratos de plantas cujo mecanismo de acção ainda permanece desconhecido, podendo ser uma opção em doentes com sintomas ligeiros.

Bloqueantes - Estes fármacos bloqueiam os receptores α que se encontram no colo vesical e no estroma prostático diminuindo assim o tónus do músculo lis, o que condiciona uma melhoria do fluxo urinário. Têm uma acção rápida com melhoria das queixas em cerca de um mês.

Os efeitos secundários principais são do foro cardiovascular, particularmente a hipotensão postural. Este fármaco é por isso indicado em doentes com queixas exuberantes com necessidade de alívio rápido das mesmas.

Inibidores da reductase - O mecanismo de acção deste fármaco consiste na inibição da conversão do testosterona na sua forma activa, inibindo assim o crescimento do tecido prostático. O seu efeito sob os sintomas só ocorre ao fim de seis meses do início do tratamento e pode levar a uma diminuição de 20 a 30 por cento do volume inicial da próstata. Este fármaco diminui o valor do PSA em 50 por cento, pelo que
este tem de ser corrigido no caso de rastreio de cancro da próstata. Assim, estão indicados para doentes com próstatas de volumes grandes e uma vez que os seus efeitos secundários são do foro sexual devem ser preferencialmente evitados em doentes sexualmente activos.

Tratamento cirúrgico

Prostatectomia Aberta:

Cirurgia aberta indicada para próstatas > 60 gr com maior morbilidade associada. Ressecção trans-uretral da próstata. Cirurgia realizada através da uretra indicada para próstatas < 60 gr com menor morbilidade associada.