Juventude e sexualidade: descobertas e riscos

25-06-2014 11:35

Época de grandes descobertas a juventude é também período de desafios e experiências.

A mudança das práticas sexuais, assim como toda mudança, possibilita o conhecimento de uma nova realidade social, mas, essa nova realidade, pode trazer conseqüências nem tão agradáveis, caso não ocorra de forma responsável. Precisamos encontrar maneiras de falar sobre responsabilidade para os jovens sem deixarmos de considerar que a juventude é uma época marcada por descobertas intensas e em algumas ocasiões por conflitos internos típicos da juventude. Outro aspecto que merece ser considerado é que, embora os jovens conquistem cada vez mais cedo a autonomia pessoal, eles se mantêm por um período mais longo como
dependentes dos pais.

A juventude é sim uma época de descoberta, porém não podemos reduzir a juventude como uma transição para a vida adulta, pois além de reduzir a possibilidade de crescimento e conhecimento dos jovens, estaríamos dizendo nas entrelinhas que os adultos são
indivíduos que detêm todo o conhecimento e por isso não cometem erros, e sabemos que a vida, assim como a cultura está em constante movimento, aprendemos e transmitimos emoções, sensações e conhecimentos a todo momento, não somos seres estáticos, somos autores da nossa história.

A juventude, marcada por toda diversidade, que alias é marca registrada de nossa formação social, aprende a cada dia a vencer os desafios, a experimentar novas emoções e descobre o prazer do exercício sexual, porém necessita de esclarecimentos para viver bem esta nova realidade. Para que o prazer não traga consigo a maternidade/paternidade ou as DSTs e a aids, é fundamental que os pais, a escola e as políticas públicas, consigam romper os tabus e falar com o jovem sobre a prática sexual, sem medos ou meias verdades, não podemos deixar que por falta de informação correta, continue a aumentar o número de jovens pais e a estatística contágio pelo vírus HIV.

A gravidez e suas consequências

Não iremos discutir se a gravidez durante a juventude pode ser sempre classificada com precoce ou indesejada, sabemos que em algumas situações os jovens podem provocar a gravidez por motivos diversos, porém nosso trabalho irá ater-se a gravidez, não como indesejada, mas como não planejada, e como tal tende a gerar conflitos familiares, dúvidas e muitas vezes a necessidade da jovem mãe abandonar a escola para cuidar do filho, interrompendo definitivamente ou colocando em suspensão seus planos escolares e profissionais de futuro.

Parece-nos que o que necessita ficar claro para os jovens, é que os cuidados preventivos devem ser constantes. Apesar de sabermos das dificuldades de diálogo familiar, é necessário que sejam trocadas idéias e informações, que deixem claro que além de conhecer os métodos anticoncepcionais os jovens se utilizem sempre deles, seja em um relacionamento antigo ou em estágio inicial ou ainda no ficar, prática comum entre jovens.

As maiores conseqüências são sempre sentidas pela jovem, pois não podemos esquecer que pertencemos a uma sociedade (que apesar de toda mudança) ainda é hierarquizada.
Os arranjos que ocorrem devido a gravidez não chegam a afetar de forma significativa a vida do jovem. Muitos entram no mercado de trabalho para ajudar nas despesas do filho, mas não são eles os principais responsáveis pela criação da criança. É claro que em muitos casos estes jovens chegam ao casamento e assumem com muita responsabilidade seu novo papel social, não estamos com isso dizendo que é necessário casar para ser responsável. O apoio familiar é de fundamental importância para os jovens nesse momento difícil e delicado, é a família que dará inicialmente o apoio emocional e financeiro aos filhos.

Outra situação bastante comum é quando o jovem questiona a paternidade, e para isso pode utilizar-se de recursos nada agradáveis, chegando a questionar a honestidade e moral da jovem, em muitos casos existe a exigência do teste de DNA para que então o filho seja assumido, mas este teste tem um custo elevado e para que seja feito gratuitamente existe uma
longa espera.

Após apontar os problemas que podem ocorrer devido a uma gravidez não planejada, e tendo consciência que a informação existe, só que não consegue atingir totalmente os jovens precisamos pensar novas práticas e estratégias, que consigam informar e esclarecer as dúvidas que ainda existem. Mas para isso precisamos estar abertos ao dialogo, não podemos falar de sexualidade com os jovens utilizando a terceira pessoa, o ele(a) ou eles(as), precisamos conscientiza-los que quem engravida nem sempre é só o seu vizinho ou seu companheiro de sala de aula.